8 de junho de 2008


Vocação INATA do INEM

Segundo a Lusa, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) gastou cerca de 123 mil euros com a participação no exercício da NATO na Finlândia, verba justificada com a "oportunidade de excelência" para "desenvolver capacidades, treinar profissionais e corrigir deficiências".

O exercício da NATO denomina-se "Uusimaa 2008"(não confundir com «Limusina 2008», que são as ambulâncias de suporte avançado de vida da Finlândia) e tem como objectivo testar a capacidade de resposta a uma forte cheia em que infra-estruturas são contaminadas, algumas com risco químico, biológico e radiológico.

Os cerca de 123 mil euros incluem a deslocação do pessoal, alimentação, gasóleo e ajudas de custos.

Em declarações aos jornalistas, o presidente do INEM, Abílio Gomes, disse que a participação do Instituto nesta missão é "de interesse nacional", considerando que esta "é uma oportunidade de excelência" para "desenvolver capacidades, treinar os profissionais e corrigir todas as deficiências".

Ok. Quem me conhece sabe que sou a favor da formação. Nada se faz sem conhecimento e, neste caso, a falta de contacto com situações extremas, pode constituir um enorme obstáculo na hora de agir.

Vá que aí vem uma forte cheia. Logo agora que abriu a época de incêndios. O que fazer com as ambulâncias do INEM? E relativamente a um evidente risco químico, biológico e radiológico subsequente? É porque (e as pessoas não pensam nisto), por exemplo o Sr. Evaristo, de Penamacor, guarda sistematicamente 2 bidões de lixívia num barracão situado atrás de casa. E a D. Rosa, de Pernes, insiste na questão do transístor: não deixa de ouvir a Renascença e os programas do António Sala, num evidente desafio ao risco radiológico, em caso de cheia, bem entendido.

Eu, por mim, acho bem. 123 mil euros assim aplicados, correspondem certamente a uma prioridade nas rubricas orçamentais do INEM, para 2008. Lembro-me bem da contestação a Correia de Campos e das faixas que os manifestantes de Anadia, S. Pedro do Sul, Bragança, Chaves, empunhavam e que exigiam «mais formação em capacidade de resposta a fortes cheias» ou diziam «risco biológico, estamos fartos» ou perguntavam ainda «Sr. Ministro, para quando ambulâncias e equipas profissionalizadas para resposta a infra-estruturas contaminadas»?

A Abílio Gomes, novo presidente do INEM, o nosso sincero obrigado por, finalmente, alguém responder às preces deste povo ignaro, focando-se no essencial, vislumbrando-se assim o fim dos AVC em caso de fortes cheias e de infra-estruturas contaminadas.

Deixava apenas uma questão: para quando uma formação do INEM num submarino da marinha portuguesa? É que lá na minha aldeia há um poço e nesse poço, já caíram alguns miúdos. E um cão também.